lunes, 12 de marzo de 2012

Miller e 1844

Miller nasceu em Pittsfield, Massachussets, em 15/02/1782, sendo o primeiro de 16 filhos. Aos 4 anos mudou-se para Low Hampton, que ficava à pequena distância do limite com o Estado de Vermont. Nasceu e se criou num lar batista, sua mãe era filha do pastor Elnathan Phelps. Cedo aprendeu que seus pais não poderiam custear seus estudos. Entretanto, seu desejo de estudar era tão grande, que esperava toda família dormir, e ia para sala. Então, avivava o fogo e deitado sobre o tapete lia.



Pegava livros emprestados de seus vizinhos, e assim ele formou seu perfil cultural.

No dia 2 de janeiro de 1803 ficou noivo da senhora Lucy Smith, com quem se casou em 29/6/1803, com ela viveu 50 anos, tiveram 10 filhos. Ao casar-se mudou-se para Paultney, a uns 10km de Low Hampton. Período de confusão espiritual e incredulidade 1803 - 1816. Sua fé religiosa foi minada pela leitura de autores como Voltaire, Thomas Payne, David Hume e outros. Assim passou a professar o deísmo. Também pela influência de seus amigos intelectuais.

Neste período ocupou os seguintes cargos: Juiz de paz, sherife e tenente da polícia estadual durante a 2ª Guerra de Independência que estourou em 1812, subiu também ao posto de capitão. Suas experiências na guerra o fizeram pensar um pouco melhor no deísmo. Então veio a batalha Plattsburg em 11/9/1814. O exército americano era em menor número (na proporção de 1/3) e menos experimentado do que os veteranos soldados ingleses que lutaram contra o temível Napoleão. Como eles poderiam vencer senão pela interferência de Deus? Ele pensava. 15.500 soldados ingleses experientes e bem equipados contra 5.000 soldados americanos mal armados e inexperientes. Em quatro horas de batalha os ingleses se renderam.


Em 18/6/1815 deu baixa no exército e voltou ao seu lar, seu pai havia falecido. Agora precisava de ajudar sua mãe viúva, e seus irmãos menores, assim foi morar em Low Hampton.

Para agradar sua mãe começou a freqüentar a Igreja Batista local, onde seu tio Eliseu pregava regularmente. Quando o ministro não estava presente, um sermão impresso era lido por um diácono, o que desgostava a Miller. Por isso parou de freqüentar aos domingos, até que os diáconos o convidaram a ler os próximos sermões. Paulatinamente se insatisfez com a falta de esperança do deísmo.

Um Domingo, enquanto lia o sermão, foi tomado de grande emoção. E começou a ver a beleza de Jesus Cristo como seu Salvador. Por que não tornar-se um cristão, tendo sua esperança posta nas promessas da Bíblia?

Um dia os seus amigos deístas o expuseram ao ridículo, usando seus próprios argumentos para interprelá-lo. Isto o conduziu a um sistemático programa de estudos. Período de profundo estudo da Bíblia 1816 - 1831 (dos 34 aos 49 anos). Miller comprou uma Bíblia e a concordância de Cruden's. Decidiu deixar de lado todos os comentários e se dedicar ao estudo da Bíblia tão somente. Resolveu deixar a Bíblia explicar-se a si mesmo.

Começou em Gn 1:1 e durante 2 anos foi avançando versículo por versículo. Quando se deparava com alguma contradição aparente, não continuava até que encontrava uma solução, deixando a Bíblia explicar-se a si mesma. Não poucas vezes ficava tão excitado que não dormia a noite inteira e continuava estudando todo o dia seguinte.

O Método - Quando deparava com algo obscuro, comparava com as passagens colaterais, com a Cruden's examinava todos os textos da Escritura nos quais se achassem qualquer uma das palavras do texto obscuro. Terminando seus dois anos de estudo, Miller estabeleceu 14 regras de Hermenêutica.

Suas conclusões doutrinárias foram:

Pré-Milenialismo.
Retorno dos judeus a sua terra é sem fundamento.
Volta de Jesus será pessoal, acompanhada dos anjos.
O reino de Deus será estabelecido em sua volta.
A terra perecerá num dilúvio de fogo.
A Terra Nova surgirá das cinzas.
Os justos mortos só serão ressuscitados na 2ª vinda.
Os ímpios só ressuscitarão depois do milênio.
A ponta pequena - o papado - será destruída na 2ª vinda.
Vivemos no tempo dos últimos símbolos proféticos, como no caso de Dn 2.
O Princípio dia/ano.
Os 2.300 dias de Dn 8:14, entendem-se de 457 a.C e se cumpriria em torno de 1843. Jesus deveria regressar nesse ano ou um pouco antes.

Isto o levou a estudar mais 4 anos (1818-1822); este período foi dedicado a enfrentar todas as objeções que porventura pudessem surgir. Daí surgiu o compêndio de fé de W. Miller com 20 artigos.

De 1822 até 1831 Miller nada fez aparentemente de excepcional (40 - 49 anos). Nesta época surgiu uma questão que arrebatou os sentimentos e pensamentos de Miller - seu dever de pregar ao mundo a luz que Deus lhe havia dado. Uma voz interior, persistente e continuamente o perturbava, que devia anunciar ao mundo o que havia encontrado na Bíblia, mas ele, persistentemente, rechaçava os apelos com a excusa de não estar suficientemente seguro de suas interpretações.

Depois, quando esta desculpa já não o convencia, ele formulou uma outra - não me sinto em condições de falar em público, mas Ez 33:4,6,8 o atormentava de contínuo.

A voz continuava soando. "Vai, adverte o mundo do seu perigo!".

Miller o Pregador Solitário 1831 - 1839 (49 aos 57 anos). Miller responde ao chamado de Deus.

No Sábado de 13/8/1831, após o desjejum, Miller foi para o seu escritório para estudar um pouco da Bíblia. Levantou-se para ir à chácara, quando aquela voz se fez ouvir mais forte do que nunca:" Vai, dize ao mundo".

Voltou a sentar em sua cadeira, e começou a argumentar: sua falta de preparação, a sua língua falava mal, sua lentidão para falar, seu sotaque de matuto, sua idade avançada... Nem a si mesmo convencia... "não posso ir, Senhor!"

Então fez um pacto com Deus: "Se eu receber um convite para falar em público em qualquer lugar, irei, compartilharei o que eu tenho encontrado na bíblia acerca da vinda do Senhor". "Toda a minha carga caiu dos meus ombros de uma só vez, pois eu nunca seria chamado a pregar, ninguém sabia deste meu problema".

O que acontece é que não passara sequer meia hora desde o momento do pacto que fizera com Deus, quando ouve uma forte batida na porta. Era Irving, filho do casal Silas e Silvia Guilford, sobrinho de Miller por parte de mãe. A ordem era: convide a seu tio Miller a pregar para nós, se ele não quiser, diga-lhe pra falar sobre os temas que tem estudado sobre a 2ª vinda, e, se não quiser pregar na igreja, que pregue na sala daqui de casa (Guilford). A cavalo, 25km de Dresden à casa de Miller. "Nosso Pastor está ausente e meus pais querem que você venha e nos fale sobre a 2ª vinda de Cristo". Surpreso e indignado, Miller saiu de casa e se dirigiu a um pequeno bosque, lamentando o pacto feito anteriormente. Esta luta durou uma hora. Até que, ajoelhado, exclamou "Sim, Senhor, irei!" No bosque do dia 13/8/1831, entrou um chacareiro, e saiu um pregador.

No dia 14/8/1831 Miller iniciou, em Dresden, seu ministério de pregador, na cozinha da casa dos Guilford. No dia seguinte, a reunião foi na Igreja Batista, durante as noites seguintes mais e mais pessoas vieram, o que era apenas um sermão, tornou-se um forte reavivamento em Dresden. Treze famílias se converteram, exceto duas pessoas.

Ao voltar para casa, no dia 22/8, feliz e animado e cheio de entusiasmo, já estava a sua espera uma carta convite do pastor Batista de Poultney para vir e falar aos batistas daquela cidade. Deste tempo em diante vinham convites para pregar nas igrejas batistas, metodista, congregacionais daquela região. Em 12 de setembro de 1833, sua Igreja Batista local, de Lor Hampton, sem seu conhecimento, votou sua licença para pregar. Parece que ele nunca foi formalmente ordenado. E sempre recusou em toda sua vida ser chamado de reverendo. Nunca usou roupa clerical e sempre se vestiu com a roupa de cidadão comum. Centenas de pessoas apreciavam a tranqüilidade e firmeza de arrazoamento bíblico, histórico e profético.

Seu grande objetivo não era a fria matemática das profecias de tempo, mas antes de tudo ver as pessoas aceitarem a Jesus Cristo como Salvador, vê-las olharem para futura vinda de Jesus com uma alegria expectante. Seus sermões eram bem conhecidos por uma cuidadosa organização e fundamentado por uma numerosa citação de textos bíblicos. Era um pregador entusiasta, sem ser bombástico. Sua linguagem e estilo eram entendidos pelo povo comum.

Miller e o Santuário

No início de 1842 Miller alargou seu conhecimento da palavra santuário de Dn 8:14.

Originalmente, ele cria que se referia à igreja cristã, purificada na 2ª vinda. Como a 2ª vinda estava ligada com fogo, ele passou a entender, que esta purificaria a Terra no retorno de Cristo - purificação da Terra. Em janeiro de 1842, Miller respondendo a Himes disse que o santuário se referia a 7 coisas ou fatos:

Jesus 
Céu
Judá
O templo de Jerusalém
O santo dos santos
A Terra
Os santos

Por um processo de eliminação disse que os 5 primeiros estavam fora de cogitação, e que os dois últimos eram razoáveis. Isto logo foi publicado por Himes, e logo os pregadores estavam se referindo à Terra como santuário a ser purificado.

Isto levou a uma excitação tal que no dia 31 de dezembro de 1842, eles realizaram uma reunião para dar as boas vindas ao que seria para eles o último ano da história da Terra, 1843.

No dia seguinte Miller escreveu uma carta aberta aos crentes adventistas, sobre o fato de que o grande dia estava chegando.

Ele encorajou a cada crente a um maior fervor missionário.

Ele mesmo dedicou-se profundamente, e em fevereiro o encontramos numa grande campanha, na Philadelphia.

O estabelecimento de uma data:

Os seguidores de Miller o pressionavam para que estabelecesse mais exatamente a data da volta de Cristo, eles queriam algo mais do que apenas "cerca do ano de 1843".

Contudo, Miller sempre creu nas profecias de tempo em Daniel, o pesquisador aceitaria sempre calendário religioso judeu e não o calendário romano.

Outrossim, ele sabia que o ano judaico se iniciava na primavera, depois de janeiro.

Como ele não sabia como os rabinos ajustavam seu calendário, o lunar, ele concluía que no equinócio (dia e noite iguais) de primavera deveria ser o ponto de partida do ano.

Assim, ele concluía que em algum tempo do ano judeu de 1843 Cristo voltaria, o que eqüivale dizer que isto aconteceria entre 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844.

Alguns milleritas estavam ansiosos por estabelecer uma data específica.

Primeiro dia a ser considerado foi o dia 10 de fevereiro de 1843, o 45º aniversário da invasão francesa em Roma.

Outros preferiram 15 de fevereiro de 1843 porque este era o aniversário da abolição do governo papal e a Proclamação da República Romana. Quando estas datas passaram sem nenhum evento especial, eles começaram a considerar o dia 14 de abril por ser aniversário de crucifixão. Como também, nada aconteceu, eles se voltaram para a ascensão ou o pentecostes, ambos em maio, com uma diferença de 10 dias.

Com estes constantes erros, alguns se entregaram ao desespero, contudo eram poucos. Os líderes continuavam correndo de campal em campal, de série de conferências em série de conferências.

O mesmo não acontecia com Miller. Sua pobre saúde o mantinha em seu lar, em Low Hampton. Ele escreveu em maio a Himes, dizendo que seu corpo estava coberto com 22 furúnculos. Mas em 17 de maio de 1843, O Signs of The Times, publicou um artigo de Miller no qual declarava, sugestivamente, que todas as cerimônias e tipos de judaísmo observados no primeiro mês se cumpriram no 1º advento de cristo. E que, portanto, era razoável supor que as festas e cerimônias do 7º mês (no outono) podiam ter seu cumprimento unicamente no 2º advento. Ele não mais propagou esta idéia até o início de 1844.

O milênio e o fim do mundo eram temas da conversação diária. Os jornais da nação faziam ampla cobertura do movimento dos pregadores adventistas com muito interesse. Os jornais usavam colunas de propaganda para literatura millerita e anti-millerita.

Mesmo as propagandas de remédios usavam slogans milleritas para anunciar seus remédios: "Quando a consumação chegar, tenha à mão a cura das doenças: Wistar's Balsam de Wild Cherry."

Henry Jones disse que o surgimento visível da Aurora Boreal, que, segundo ele, não era vista desde 1716, era um sinal das maravilhas do céu, preditas em Joel 2:30, que apareceria antes do "Grande e Terrível Dia do Senhor". Neste mesmo sentido outros citaram o Dia Escuro de 19/5/1780, a chuva de meteoros em 13/11/1833. Além de estranhos acontecimentos que aconteceram em 1843, entre eles o surgimento inesperado de um cometa em fevereiro/1843. A isto acrescenta-se o terremoto catastrófico do Haiti e uma violenta tempestade na Ilha da madeira, que foram vistos como cumprimento de Lc 21:25. Nesta época, devido o fechamento das igrejas aos pregadores adventistas, em 1843, os milleritas começaram a se organizar em associações da 2ª vinda para melhor poder anunciar a mensagem. Uma igreja após a outra fecharam suas portas.

Mesmo assim, em janeiro de 1844, Miller advertiu contra a idéia de separação, dizendo que ele "nunca tinha pensado em fazer uma nova seita...". Os milleritas sentiram que tinham chegado a um momento muito semelhante aos cristãos do 1º século, quando tiveram que abandonar as sinagogas judias, ou dos reformadores do século XVI que tiveram de deixar a Igreja Católica, e a de Wesley e os metodistas da Igreja Anglicana. Naquela época foram eliminadas das igrejas cerca de 50 a 100.000 membros. Histórias ridículas foram propagadas a respeito de Miller. As Charges, iniciadas em 1842, de alguns jornais, chegaram nesta época ao clímax. Chegaram a dizer que os ensinos milleritas causavam aumento de doenças mentais e suicídios.

A acusação mais comum e grosseira feita, foi que mandaram fazer longas vestes brancas, para usar no dia da volta de Cristo.

Estas estórias não correspondem aos fatos. E só não foram enfrentadas porque eles estavam tão ocupados que não podiam dar atenção a essas fantasias.

Havia dois métodos para este cálculo em que se chega a data:

O rabínico - introduzido no século IV, que tomava como ponto de partida de cada ano, a lua nova posteriormente mais próxima do equinócio (dia = noite).

O karaíta - adotado, no século VIII, por um grupo de judeus que desaprovou a modificação do IV século. Eles voltaram ao cômputo do A.T., que demarcava o início de cada ano pela lua nova próxima a colheita da cevada.

Os estudiosos do millerismo adotaram a data do calendário karaíta - segundo este método, o ano judeu de 1843, terminaria ao pôr do sol de 18 de abril de 1844.

Porque Miller dependeu de sistemas cronológicos feitos por outros? Ele sempre reconheceu que isto não podia ser senão uma imperfeita cópia do método de Deus calcular o tempo.

Isto vem explicar, em parte, a relutância de Miller em estabelecer uma data fixa.

O Primeiro desapontamento - 21/3 e 18/4 de 1844 passaram e nenhum sinal do retorno do Rei. E um desapontamento infiltrou-se em todos os crentes do advento. Alguns ficaram desiludidos e acharam que Miller tinha entendido as coisas inteiramente erradas. Eles voltaram para suas antigas igrejas ou caíram no cepticismo.

Miller admitiu que estava errado, mas chamou a atenção do povo para Hab. 2:3: "A visão ainda está para cumprir-se... se tardar, espera-o, certamente virá, não tardará". Logo nos artigos e estudos milleritas aparecia a expressão "tempo de tardança", enquanto falava da parábola das dez virgens.

Para surpresa dos críticos, ao invés do millerismo diminuir suas atividades, elas aumentaram. Os pregadores foram em todas as direções anunciando a mensagem do advento. O Movimento do 7º Mês, e o Desapontamento.

A figura central deste movimento foi Samuel S. Snow, que se uniu ao movimento millerita em 1840, e de forma independente começou a pregar a mensagem de Miller. Em 1843 foi ordenado ao ministério pelos milleritas. Miller, como já foi mencionado anteriormente, relacionou as festas do início do ano (primavera) com a 1ª vinda de Cristo, dizendo que na morte, ressurreição, ascensão e exaltação de Cristo se cumpriram todos os símbolos destas festividades e que por certo as festividades do fim do ano (outono) cumprir-se-iam na 2ª vinda de Cristo. Este ensinamento na palavra de Snow vai fazer eclodir o movimento do 7º mês.

Em 2/1844 Samuel S. Snow com Apolo Hale, publicaram uma revisão do término dos 2.300 dias/ano, fixando a data para o 10º dia do 7º mês, Dia da expiação. Ele contudo, não sabia qual seria a data equivalente no nosso calendário atual.

Mas por outro caminho chegou à conclusão que a data seria nos meados de outubro. O seu raciocínio foi que o decreto de Artaxerxes só entrou em vigor com sua chegada à Jerusalém no 5º mês de 457 a.C. Isto o levou a 5 meses mais tarde do início do ano judaico, que segundo seus cálculos seria nos meados de outubro.

O que lhe faltava era relacionar a data do Dia da expiação com o cálculo do 5º mês. o que conseguiu através do calendário dos karaítas, que naquele ano dizia que o Dia da Expiação cairia no dia 22/10/1844.

As pessoas começaram aceitar que os 2.300 dias/anos poderiam não ter terminado. Com isso a esperança aumentou. Ao que Bates respondeu: "Que venha à frente, então e que apresente sua mensagem." Snow, serenamente, assumiu o púlpito, e, convincentemente, apresentou suas convicções. Os cochichos pararam, o auditório tornou-se profundamente atento e extasiado.

Qual foi o Tema de Samuel Snow?

Nosso Bendito Senhor prometeu que vai voltar outra vez para buscar seu povo. E declarou em Mc 13:32 que "Daquele dia e hora ninguém sabe: nem os anjos do céu, nem o Filho, senão somente o Pai."

Ora, muitos dizem que nunca o homem chegará a saber o tempo. Se isto é verdade, então, também Jesus não sabe quando vai voltar, o que também é absurdo.

Ora, conclui ele, se este texto não prova que Jesus nunca saberá o tempo, tão pouco prova que nunca o saberão homens e anjos.

Quando Cristo veio a 1ª vez veio em cumprimento do tempo e com uma mensagem acerca do tempo. Por isso disse "O tempo está cumprido". Mc 1:15.

Qual era este tempo?

O tempo profético. E o povo respondeu: A 69ª semana das 70 semanas de Daniel.

Disse Snow: Correto, correto.

Todos entendemos Dn 8 e 9 acerca dos 2.300 dias/ano e das 70 semanas/anos que foram "cortadas" dos 2.300. E temos ensinado que esta profecia nos levaria até aproximadamente o ano de 1843.

Contudo, temos nos desapercebido de algumas coisas. Temos dito que os 2.300 anos começaram na primavera de 457 a.C e que terminariam na primavera de 1844. Acontece que os 2.300 anos não começam no início do ano, mas sim com a ordem para restaurar e edificar Jerusalém (Dn 9:25). Mas Ed 7:9 declara que o decreto só se conheceu em Jerusalém no 5º mês deste ano, ou seja, 5 meses após o início da primavera.

Estamos, portanto, errados em esperar o regresso de Cristo para a primavera de 1844.

Ora, para o tempo do regresso de cristo, se faz necessário entendermos, mais plenamente, as festividades da primavera e outono, conforme as leis de Moisés. A mais importante das festas da primavera era a Páscoa, celebrada no 1º mês. A festa principal do outono era o Dia da Expiação, comemorado no 7º mês.

Em que festa foi que Cristo morreu?

Na Páscoa. Disse o povo.

Correto. Cristo é a nossa Páscoa. (1Co 5:7).

No dia da Páscoa no 1º mês Ele morreu. Mas em que momento do dia se sacrificava o Cordeiro pascal?

À tarde! Disse o povo.

Sim, mais precisamente entre as tardes, ou seja, no meio da tarde. Mas a que hora deu sua vida por nós?

Cerca de 3h da tarde foi a resposta.

Estou em condições de afirmar, irmãos baseado na Palavra de Deus, que quando Cristo veio à Terra pela primeira vez, morreu como Nosso Cordeiro Pascal, no mesmo ano da profecia de Daniel, e no mesmo dia, mês e na mesma hora prescritos pela lei.

Assim como a Páscoa, o Dia da expiação era a mais importante festa do outono.

E o que fazia o sumo sacerdote no Dia da expiação?

A purificação do santuário disse o povo.

E o que completará Jesus no fim dos 2.300 anos de Dn 8:14?

Ora, se o tempo foi tão respeitado quando Jesus morreu... Não se conclui, que da mesma forma o tempo será estritamente respeitado quando nosso Sumo Sacerdote cumprir com a purificação do santuário? Portanto, não está claro que Jesus cumprirá a profecia de Dn 8:14, dando não só o ano, mas a data exata do Dia da Expiação!

Então o povo, com Bíblias em suas mãos, extasiados exclamaram:

No 10º dia do 7º mês.

Então Snow pausadamente com ênfase disse:

Graças ao cômputo, cuidadosamente, preservado por providência, pelos judeus karaítas, o 10º dia do 7º mês cai este ano no dia 22 de outubro!

Clamor da meia-noite - agosto e outubro.

Apelo - "Pensem nisto, irmãos. Estamos, agora, na 2ª semana de agosto. Em menos de 3 meses, o Senhor completará a expiação e sairá do santuário a fim de abençoar seu povo que o espera. Lv 9:22 e 23. Em menos de 3 meses se terá completado a obra de Deus. Nunca mais haverá outro inverno sobre a terra fria e velha. Em menos de 3 meses o esposo estará aqui para reunir-se com sua esposa que o guarda. Não é este o tempo apropriado para o clamor da meia-noite, "Aqui vem o Esposo, saí a recebê-lo?"

Lágrimas de alegria e gratidão fluíam, copiosamente, dos olhos dos presentes.

Os crentes regressaram a seus lares, difundindo a preciosa verdade por todo lugar onde iam. As campais se multiplicaram e em todas elas se produzia a mesma impressão. O movimento do 7º mês se fez ouvir em cada cidade, povoado e vila. Poucos dias mais tarde, Snow publicou um sumário de seus argumentos, em 4 páginas, intitulado "O Verdadeiro Clamor da Meia-Noite". Referindo-se ao movimento do 7º mês, a Advent Herald de 30/10/1844, declarou o que segue: "Varreu a terra com a Velocidade de um Tornado."

Embora os líderes do millerismo e seus jornais se opusessem, firmemente, a colocar suas esperanças num dia determinado, aos poucos eles foram aceitando. Miller disse: "Vejo glória no movimento do 7º mês que não tinha percebido antes. Quase no lar, Glória! Glória! Glória!

Faltam palavras para aprender o sentido de urgência que tomou conta das atividades dos crentes adventistas: colheitas foram deixadas para trás, as batatas ficaram enterradas. As lojas foram fechadas, trabalhadores deixaram seus postos. Nada era tão importante como esperar a vinda de Cristo. Pessoas precisavam ser avivadas, pecados deviam ser confessados, débitos deviam ser pagos e os erros corrigidos.

De igual forma cresceram os oponentes. Multidões, desordenadamente, forçaram o cancelamento da reunião noturna de Boston, New York e Filadélfia. Muitos milleritas interpretavam isto como a Última Perseguição, contudo, nada era mais importante do que esperar o fim de todas as coisas.

Um homem havia morrido, diziam: "Só mais 8 dias e seriam uma família unida por toda a eternidade". Na manhã do dia 22/10 em quase toda a extensão, o dia amanheceu brilhante e claro. Os milleritas se reuniam nos lares para esperar as últimas horas da história da Terra. Cerca de 100.000 esperavam ver a Jesus sobre uma brilhante nuvem, no dia 22/10. Alguns deixaram as grandes cidades e foram para o interior. Passou-se a manhã e eles continuavam esperando. Chegou a tarde, reunidos e contritos, aguardavam. Até a meia-noite esperaram. O grande relógio de parede deu as 12 badaladas. O esposo não veio. Agora estavam diante de um evidente erro. Eles foram devastados pela tristeza e decepção. "Nossas mais profundas esperanças e expectação foram destruídas e um desejo de chorar veio sobre eles como nunca tínham sentido antes. A perda de todos os amigos da Terra não se compararia com o que sentiam. Choraram até o dia amanhecer". Disse Hiran Edson. Traumática foi a decepção de 22/10/1844.

Nos dias que se seguiram a 22/10/1844, o negativismo envolveu os crentes adventistas. Humilhação, confusão, dúvida e desapontamento destruíam a fé de muitos. Contudo havia centenas que retinham a "abençoada esperança", mesmo sob o escárnio dos seus vizinhos. Então, duas perguntas giravam em seu pensamento: Onde nós erramos? O que devemos esperar depois?

Miller declarou: "Embora... duas vezes desapontado, eu não estou abatido ou desencorajado... estou entristecido com os inimigos e zombadores, mas minha mente está perfeitamente calma, e minha esperança na vinda de Cristo mais forte do que nunca. Miller tinha feito o que sentira ser seu dever. Dedicaram-se ao estudo profundo da Bíblia, então os Adventistas a fim de descobrirem o que aconteceu em 22/10, depois de renovado interesse de pesquisa da Bíblia, descobriram que deveriam adotar uma longa lista de práticas bíblicas como: guarda do Sábado, lava-pés, etc.

A prática mais radical, adotada e promovida por PickHands e Enoch Jacobs, foi o "Casamento Espiritual". Considerando que Cristo já tinha vindo, eles declararam que estavam no céu, portanto não deveriam casar e nem se dar em casamento. Eles usaram a declaração de cristo que o homem deve deixar pai, mãe, esposa e filhos para justificar o abandono de seus familiares e formar uniões espirituais, destituídas de relação sexual com os novos parceiros. Jacobs colocou seus seguidores numa colônia dos Shakers. Igualmente esquisita foi a crença de alguns que eles haviam entrado no grande Sábado milenar de Cristo e não deveriam fazer nenhuma obra secular. Himes, Miller e outros estavam determinados em purgar o movimento destas idéias fanáticas. Por ocasião da morte de Miller em 12/1849 o adventismo estava fragmentado em vários grupos.

Através da oração e profundo estudo da Bíblia, eles pesquisaram doutrinas bíblicas que explicassem seu desapontamento em 1844. Eles tornaram-se o maior grupo de todos os adventistas: I. A. S. D.

Uma nova luz sobre o santuário - No mesmo tempo que o Sábado estava recebendo atenção entre vários adventistas em New England, um grupo de leigos no oeste de N. Y,. começou formulando uma nova interpretação do santuário que devia ser purificado no fim dos 2.300 dias/anos.

Depois, com rigoroso estudo perceberam que no fim dos 2.300 dias, Ele, pela primeira vez, entrou naquele dia no 2º compartimento do santuário, que Ele tinha um trabalho a fazer no santíssimo antes de vir à Terra. As mentes, logo, foram dirigidas pelo Espírito Santo a Apocalipse 10, com o livro dizendo que era doce como mel na boca e amargo no ventre. O capítulo terminou com a instrução do anjo para profetizar de novo, outra vez.

Irã Edson reconhece que Deus estava respondendo suas petições por mais luz. Um pouco mais tarde, quando os dois estudavam, a Bíblia de Edson caiu aberta em Hebreus 8 e 9, onde eles encontraram a confirmação do conceito que a purificação do santuário não se referia à Terra, nem à igreja, antes o templo celestial.

Durante os meses seguintes Edson, Crosier e Dr. F. B. Hahn, com quem os dois mantiveram, anteriormente, uma publicação Millerita intitulada: "The Day Dawn", iniciaram um intensivo estudo sobre santuário em hebreus e sobre sistema sacrificial. Aqui, eles estavam convencidos, estava a chave para entender o que acontecera em 22 de outubro de 1844.

O mais importante pode ser resumido como segue:

Existe no céu um santuário real e literal.

No dia 22/10/1844 Cristo passou do primeiro compartimento deste santuário para o segundo (o santíssimo).

Antes dele retornar à terra, Cristo tinha um trabalho a fazer no lugar santíssimo que difere daquilo que ele tinha estado fazendo desde sua ascensão.

O sistema do santuário hebreu era uma representação visual completa do plano de salvação, com cada tipo tendo seu antítipo.

O real propósito do Dia da expiação (que começou para os cristãos em 22/10/1844) é preparar um povo puro.

A purificação do santuário celestial também envolve a purificação do coração de seu povo.

O típico bode azazel não representa Cristo, mas a Satanás.

Como o autor do pecado, Satanás arrasta a condenação da culpa pelos pecados que levou Israel a cometer.

A expiação pelo pecado não começou até que Cristo entrou no santuário celestial após sua ressurreição.

Fonte: http://www.osantuario.com.br/